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Minha colcha bordada. Uma obra de arte que foi roubada.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Lembrando da minha colcha, recordei como aprendi a ampliar um desenho e, também, como riscá-lo no pano para que minha tia o bordasse. Lindas lembranças.


Casal bordado em uma colcha amarela
by Telma M.
Foi minha tia Arlete quem me ensinou uma técnica de passar riscos de bordado para o tecido. Era uma técnica meio complexa, mas deixava uma marca bem delicada e dava para fazer desenhos dos mais variados graus de dificuldade sem deixar marcas enormes no tecido. Depois, bordava-se sobre as marcas que desapareciam completamente, escondidas sob o bordado.

Quem tiver curiosidade e quiser conhecer essa técnica, é só clicar no link a seguir e ver o artigo que escrevi no meu outro blog: “Como passar riscos de bordado para o tecido”.
Pode, também, ver como eu fiz para ampliar o desenho nesse outro artigo: “Método das malhas quadriculadas. Uma técnica para reduzir ou ampliar um desenho”.

Mas hoje, eu quero, apenas, contar uma de minhas histórias.
Quando eu era menina moça, como eram chamadas as adolescentes em 1970, fui aprender técnicas de bordado com minha tia madrinha, Arlete. Ela era uma bordadeira de mão cheia. Bordava com máquina de bordar. Fazia cada trabalho maravilhoso de se admirar!

Bem, ela me prometeu uma colcha bordada como presente de enxoval. 
Naquele tempo era costume as mocinhas fazerem o enxoval desde muito jovens. Ao se casarem levavam um enxoval imenso, em tamanho e imponência, pois era obrigatório ter peças bordadas, pintadas à mão, trabalhos manuais, que a própria dona fazia. 

Mas, eu ainda não sabia bordar à máquina, então, ganhei um presente da madrinha bordadeira.
Eu mesma encontrei um desenho numa revista, me inspirei nele e fiz um desenho bem legal; ampliei com técnicas aprendidas no colégio e transformei-o num desenho do tamanho ideal para o centro de uma colcha de cama.
Fomos comprar o tecido, que era linho puro de cor amarela bem clarinha. O bordado em linha marrom ficaria bem bacana.

O desenho ficou bonito, viu! Depois de bordada, a colcha ficou um primor. Eu adorei. No final, outra tia gostou tanto que pediu para fazer uma fronha bordada com o mesmo desenho, só que de outra cor.
Ficamos orgulhosas de nosso trabalho conjunto. Foi nessa época que aprendi a tal técnica de passar riscos de bordados para tecidos.

Bem, minha colcha era bem arrojada para a época. Fiz um desenho atrevido de um casal dormindo, nu, sobre uma cama sem lençóis. O homem estava de bruços, a mulher de perfil. Nenhum dos dois mostrava os detalhes das partes íntimas, apenas insinuavam uma nudez sensual.
Antes de terminar este artigo vou tentar refazer aqueles riscos, uma pena eu não ter nenhuma foto daquela colcha, que se esvaiu do modo que vou falar agora.

Eu me casei com o homem da minha vida. Usei a colcha durante 20 anos, com muito cuidado, pois além de bonita, ela tinha um valor sentimental muito grande, por ter sido desenhada por mim e bordada por minha madrinha.

Um belo dia conseguimos realizar um de nossos sonhos: Compramos uma casa num condomínio no interior do estado. A casa ficava fechada a semana toda, apenas nos finais de semana íamos pra lá, curtir a vida no campo, a cantoria da passarada, a presença dos pequenos calangos visitando minha varada, o cheiro forte de mato verde, as lagartixas de estimação e um imenso barulho do silêncio, quando era possível ouvir o som do sangue pulsando pelas artérias carótido-timpânicas dos meus ouvidos.

Fomos e somos muito felizes naquela casa, mas, como nem tudo são flores, tivemos algumas desilusões, uma delas foi sermos roubados.
O roubo aconteceu num dia em que a casa estava vazia. Os ladrões arrombaram a porta dos fundos e invadiram a casa, roubando tudo que havia de valor.

De valor para mim, pois eu duvido que eles tenham conseguido muito dinheiro com a venda de um aparelho de som enguiçado, uma televisão com imagens cheias de fantasmas e uma colcha bordada com um casal pelado!
E lá se foi a minha adorável colcha, bordada por minha querida madrinha Arlete!

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