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O velório de Fulana dos Anzóis Pereira e seu último desejo.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Você já viu um velório onde estivesse sendo tocado música popular? Veja nessa crônica, como isso aconteceu. Acompanhe uma interessante reflexão sobre as dificuldades dos parentes vivos em atender os eventuais “últimos desejos” dos que partiram dessa vida.


Um velório onde tocava música popular.
by Telma M.
Fulana morreu e no velório, um estranho acontecimento se deu. Fulana jazia branca e imóvel sobre o seu derradeiro descanso quando um som se ouviu.
Entre o cheiro de morte, as flores murchas e as lágrimas esparsas, uma música suave começou. As pessoas se olhavam incrédulas. Não é costume ouvir-se música popular em velórios.

Quem se atreve a ligar o som? De onde ele vem? Que falta de respeito!
Poucas pessoas ousam ser tão desprendidas e autênticas, como o filho de fulana. Era ele o autor de tamanha ousadia.
Mas a história tem explicação.

Anos atrás Fulana disse, em uma conversa informal com o filho, que gostaria que em seu velório houvesse música popular tocando ao fundo.
Escolheu até os artistas, embora consciente de que essa seria uma atitude incomum, uma vez que músicas não combinam com a tristeza da morte. Colocar música num velório poderia ser considerado um absurdo e uma afronta aos religiosos presentes.

Sendo assim liberou o filho desse pedido estapafúrdio.
- “Não precisa atender meu último desejo, mas que eu gostaria, eu gostaria de ter música em meu velório”, disse Fulana dos Anzóis Pereira ao pensativo filho.

Fulana sempre pensara que últimos pedidos são uma forma de castigar os familiares. Depois que a pessoa morre deixa um problemão, na mão de quem fica, para atender ao tal último desejo, que nem sempre é fácil de cumprir.

Certa vez Fulana tivera a oportunidade de presenciar a angústia de uma esposa que perdeu o marido num acidente aéreo. Ele vivia dizendo que, quando morresse,  queria ser enterrado em sua cidade natal. Acontece que o camarada nascera numa pequena cidade do interior de São Paulo, Pindorama, e morreu enquanto fazia uma viagem internacional. Quando o avião atravessava o oceano Pacífico o motor falhou e caiu no mar. Nenhum dos corpos dos viajantes foi encontrado. Os corpos ficaram, para sempre sepultados no meio do oceano, a milhares de quilômetros de seus lares. O marido morto não pode ser sepultado em sua cidade natal. A esposa viveu o restante de seus dias amargurada por não ter podido atender ao último pedido do marido.

Por esse motivo, Fulana entendia perfeitamente a impossibilidade de se prometer últimos pedidos. Mesmo assim os expressou, “vai que" existisse a possibilidade de seus desejos serem atendidos...

E foi assim que em seu velório, o filho providenciou música popular como trilha sonora. Foi esquisito, mas ficou bonito.
Afinal a morte é inexorável, nós é que não nos conformamos com ela.
Quem sabe, se houvesse aceitação, a dor fosse mais tolerável?

E você, tem alguma mentira ou verdade para contar?
Conte-nos, quem sabe ela seja publicada aqui no Mentiras Veríssimas?

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