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Aedes Aegypti: mosquito transmissor da dengue e outras doenças. Ciclo de vida e características.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Conheça um pouco sobre as características do Aedes aegypti. Saiba como o mosquito da dengue se reproduz, como ele se alimenta, como ele se distribui e quais são os estágios evolutivos e biológicos dentro do ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti.


Ilustração mostrando o ciclo de vida do mosquito da dengue Aedes aegypti compreendendo os ovos, as larvas, as pupas e o mosquito adulto.
by Roberto M.
O mosquito Aedes (Stegomyia) aegypti é o principal vetor de doenças graves como o dengue, a febre amarela, a febre chikungunya e a zika. Por isso, o controle de sua população é considerado assunto de saúde pública.
O Aedes aegypti é um inseto díptero (tem um par de asas), da família Culicidae, pertencente ao subgênero Stegomyia.

Este mosquito é originário da África, e acredita-se que chegou às Américas, transportado em barris de água , nos navios das primeiras explorações e colonizações européias. 
O Aedes aegypti é uma espécie tropical e subtropical cuja distribuição depende de fatores intrínsecos à espécie e de fatores extrínsecos relativos às condições ambientais do seu habitat. 

FATORES EXTRÍNSECOS QUE INFLUENCIAM NA DISTRIBUIÇÃO DO AEDES AEGYPTI


Dentre os fatores extrínsecos estão a latitude, a altitude, a temperatura, o índice pluviométrico e o tipo de vegetação.

Com relação à latitude, sabemos que o Aedes aegypti é encontrado entre os 35º de latitude Norte e 35º de latitude sul Sul. Já com relação à altitude, estudos nos dizem que sua distribuição não é comum em regiões acima dos 1.000 metros.


A temperatura, exerce uma grande influência sobre o ciclo vital do Aedes aegypti: a temperatura elevada acelera a passagem de um estágio de desenvolvimento a outro e, também, as formas adultas do mosquito, não sobrevivem em locais onde a temperatura média é inferior à 19ºC.

O índice pluviométrico de uma região é outro parâmetro que influencia diretamente a densidade do mosquito. Quando alto e acompanhado por uma vegetação abundante proporciona um maior número de depósitos naturais e/ou artificiais de água, viveiros ideais para a oviposição. 

AEDES AEGYPTI: UM MOSQUITO URBANO

Apesar de ser uma espécie originalmente selvagem, que depositava seus ovos em ocos de árvores, nas Américas, o Aedes aegypti invadiu as comunidades humanas e passou a coexistir com o homem em uma associação sinantrópica, ou seja, se adaptou a viver junto ao homem, a despeito da vontade deste.
Assim, como tem essa estreita associação com o homem, o Aedes aegypti passou a ser um mosquito essencialmente urbano, sendo encontrado mais abundantemente em cidades, vilas e povoados.

O Aedes aegypti, é um inseto intimamente associado aos seres humanos e suas habitações. As pessoas não apenas fornecem aos mosquitos suas refeições de sangue, mas também fornecem os recipientes de retenção de água necessários para completar o seu desenvolvimento. O mosquito põe seus ovos nas laterais dos recipientes retentores de água e os ovos eclodem em larvas após uma chuva ou alagamento. 
Alguns recipientes são mais atrativos para as fêmeas grávidas que preferem colocar seus ovos em recipientes de paredes escuras e ásperas localizados à sombra. Preferem também, as águas limpas (pobres em matéria orgânica em decomposição e sais) que estejam sombreadas. 

ESTÁGIOS BIOLÓGICOS E EVOLUTIVOS DO AEDES AEGYPTI

Esses mosquitos são insetos holometábolos (animal que tem a metamorfose completa durante o seu desenvolvimento) que passam por quatro estágios biológicos e evolutivos distintos: o ovo, a larva, a pupa e o adulto.

1º Estágio: Ovo

Os ovos do Aedes aegypti medem, aproximadamente, 1mm de comprimento e possuem um contorno alongado e fusiforme. 
São depositados pelas fêmeas, um por um, nas paredes internas dos recipientes que servem como criadouros (latas, pneus, vasos de plantas ou qualquer coisa capaz de reter água) próximos à superfície da água. No início esses ovos são brancos mas logo passam a ter uma cor negra e brilhante.

Foto mostrando os ovos do mosquito da dengue Aedes aegypti depositados em um recipiente e dois detalhes mais próximos dos ovos.

A fecundação dos ovos se dá durante a postura e o desenvolvimento do embrião dura de 2 a 3 dias, em condições favoráveis de umidade e temperatura. 
Depois de completado o desenvolvimento embrionário, os ovos são capazes de resistir a longos períodos de dessecação, o que representa um enorme obstáculo para a erradicação do vetor, uma vez que esta condição permite que os ovos sejam transportados a grandes distâncias em recipientes secos.

2º Estágio: Larva

As larvas emergem dos ovos do mosquito, mas somente após estes serem cobertos pela água. Isso significa que é a água da chuva ou aquela que os seres humanos deixam acumulada nos recipientes que contêm os ovos  que irá irá desencadear o surgimento das larvas.
A fase larvária do Aedes aegypti é o período de alimentação e crescimento, as larvas passam a maior parte do tempo alimentando-se do material orgânico acumulado nas paredes e fundos dos recipientes.

O desenvolvimento das larvas passa por quatro estágios evolutivos, cujas durações dependem da temperatura, da disponibilidade de alimento e da densidade das mesmas no criadouro.
Em condições ótimas, o intervalo entre a eclosão dos ovos e a pupação dura 5 dias, contudo, em baixa temperatura e escassez de alimento, o 4º estágio do desenvolvimento larval pode durar várias semanas.

As larvas do Aedes aegypti são compostas de cabeça, tórax e um abdômen dividido em oito segmentos. O segmento posterior e anal do abdômen tem quatro brânquias lobuladas para a regulação osmótica e um sifão (geralmente curto, grosso e mais escuro que o corpo) para a respiração na superfície.

Foto mostrando  larvas do mosquito da dengue Aedes aegypti na água de um recipiente e um detalhe próximo de uma dessas larvas do mosquito.

Para respirar a larva vai à superfície, onde fica em posição quase vertical.
Podem ser reconhecidas pelos seus movimentos sinuosos ao nadar e porque fogem da luz, buscando refúgio no fundo dos recipientes.

3º Estágio: Pupa

Após a complementação do desenvolvimento larval, o mosquito chega a um estágio em que não se alimenta e que se mantém flutuando na superfície da água para facilitar o inseto adulto emergir. Esse é o estágio da pupa
A pupa é dividida em duas partes: cefalotórax, que lhe dá a aparência de uma vírgula e abdômen. Para respirar utilizam um par de trompetas respiratórias que atravessam a água. Este estágio evolutivo dura, geralmente, de 2 a 3 dias.

Foto mostrando pupas de mosquito Aedes aegypti na água com detalhe mais aproximado de uma delas.

4º Estágio: Mosquito adulto

O mosquito adulto que emerge da pupa é um mosquito escuro, com faixas brancas nas bases dos segmentos tarsais e que apresenta um desenho em forma de lira no mesonoto. Os machos se distinguem das fêmeas, essencialmente por serem menos robustos e por apresentarem palpos mais longos.

Foto de um mosquito adulto Aedes aegypti emergindo da fase pupal

Logo após emergir do estágio pupal, o inseto adulto procura pousar sobre as paredes do recipiente, permanecendo assim durante horas, o que permite o endurecimento do exoesqueleto, das asas, e no caso dos machos, a rotação da genitália em 180º.

Depois de 24h após emergirem, podem acasalar, e uma única inseminação é suficiente para fecundar todos os ovos que a fêmea venha a produzir durante a sua existência. 
O acasalamento ocorre durante o voo, quase que ao mesmo tempo em que a fêmea procura por sangue para sua alimentação.
E o ciclo começa novamente.

Infográfico ilustrando o ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti.

Apenas a fase de adulto é terrestre todas as demais fases se passam em ambiente aquático. 
Somente as fêmeas adultas assumem a função de vetor de doenças pois são elas que se alimentam de sangue. Na fase aquática do ciclo não há transmissão de doenças.

ALIMENTAÇÃO E OVIPOSIÇÃO DO AEDES AEGYPTI ADULTO

Ambos os sexos se alimentam de néctar, mas somente a fêmea é hematófaga (alimenta-se de sangue). 
As fêmeas não precisam de sangue para sobreviver, mas precisam de substâncias suplementares (como proteínas e ferro) para o desenvolvimento e postura dos seus ovos.
As fêmeas têm hábitos hematófagos (sugam sangue de outros animais para promover a maturação de seus ovos). Esse processo é muito importante para ela poder formar seus oócitos que serão posteriormente fecundados e então transformados em ovos férteis.

Sua alimentação se dá, preferencialmente durante o dia, com o sangue da maioria dos vertebrados mas têm uma predileção pelo sangue humano. A fêmea alimenta-se logo após o acasalamento. 
Como o sangue ingerido fornece proteínas para o desenvolvimento dos ovos, a fêmea faz uma postura após cada repasto sanguíneo (alimentação por sangue). Quando as condições de temperatura forem ótimas e existir a disponibilidade de hospedeiros, o intervalo entre o repasto e a postura dos ovos é de 3 dias.

Foto mostrando a foto de um mosquito Aedes aegypti fêmea, após ter picado e sugado o sangue de uma pessoa.

Os machos possuem características distintas das fêmeas, seu aparelho sugador (chamado de probóscida) não é apto para sugar sangue pois nem consegue penetrar nos tecidos animais. Sua alimentação se faz de sucos vegetais não sendo, portanto, atraídos por animais.

Resumindo tudo isso, podemos dizer que, as fêmeas dos mosquitos Aedes aegypti podem se alimentar de seiva de plantas assim como os machos, no entanto precisam ingerir sangue para obter matéria prima e energia para o desenvolvimento dos ovários.

A DISPERSÃO DO AEDES AEGYPTI NO MEIO AMBIENTE

Os adultos do Aedes aegypti podem permanecer vivos em laboratório durante meses, mas na natureza, vivem em média de 30 a 35 dias. 
Com uma mortalidade diária de 10%, a metade dos mosquitos morre durante a primeira semana de vida e 95% durante o primeiro mês.

A dispersão do Aedes aegypti é muito limitada quando comparada com a de outras espécies de mosquitos, as fêmeas passam toda a sua vida nos arredores do lugar onde nasceram, sendo rara uma dispersão a mais de 100m. 
Entretanto, isto não se constitui um problema para a sua distribuição, que se dá como resultado do transporte de larvas e ovos nos recipientes contaminados, ou pela fêmea grávida que pode voar até 3km em busca de local adequado para a ovipostura, quando não há condições apropriadas nas proximidades.

É muito difícil de controlar ou eliminar os mosquitos Aedes aegypti, porque eles têm uma adaptação ao ambiente que os tornam altamente resilientes, ou seja, têm uma capacidade muito grande de se recuperarem rapidamente para voltarem aos números iniciais, mesmo após distúrbios resultantes de fenômenos naturais (por exemplo, secas) ou intervenções humanas (por exemplo, medidas de controle).

Uma tal adaptação é devida à capacidade dos ovos resistirem à dessecação (secagem) e sobreviverem sem água durante vários meses nas paredes internas dos recipientes. Por exemplo, se pudéssemos eliminar todas as larvas, pupas e adultos  dos Aedes aegypti, de uma só vez, em um determinado lugar, a sua população poderia se recuperar em cerca de duas semanas depois, como resultado da eclosão de ovos após uma  precipitação ou da adição de água em recipientes que albergam ovos.
Fontes: CDC – Centers for Disease Control and Prevention – USA
              Dengue: Histórico e Distribuição - Valéria S. Martins – UNICEUB


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