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Iracema. Resumo e Comentários do Livro de José de Alencar.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Conheça o enredo e os personagens do clássico romance Iracema, de José de Alencar, lendo essa revisão literária comentada.


Capa do livro Iracema - Editora Ática - Série Bom Livro - 27.Ed - 1994 e foto de José de Alencar
by Roberto M.
Iracema é um título que frequentemente é encontrado nas listas de livros literários dos principais vestibulares do país (fuvest e unicamp entre outros). 
Vamos fazer uma revisão desse livro da escola literária romântica, sempre lembrado nas questões de literatura do vestibular.

“Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira.”

É dessa maneira, que no início do segundo capítulo do livro, José Martiniano de Alencar, um dos maiores expoentes do Romantismo no Brasil, começa a descrever Iracema, a protagonista de seu romance.
O livro “Iracema”, por ele chamado de “Lenda do Ceará”, publicado em 1865, é o fruto mais perfeito do indianismo alencariano.

Diminuindo a importância da narrativa, do enredo, e despreocupando-se com a aventura, com as artimanhas teatrais e melodramáticas, José de Alencar dedica-se à linguagem, ao contexto poético e simbólico, compondo um verdadeiro “poema em prosa”, num estilo envolvente, onde se juntam com harmonia, as figuras do mito e os elementos da natureza.

Em Iracema, predomina o lirismo. A relação amorosa entre uma jovem índia e um português é o foco principal de toda a obra.
Justamente dessa relação, é que procede toda a força poética do livro, e a poetização da prosa não se limita aos seguimentos descritivos, mas invade também a ação, que é muito pequena, mas com a mesma intensidade lírica e mesma riqueza de imaginação.

Resumo


Basicamente, a história é essa, começando pelos personagens:
- Martim Soares Moreno é um guerreiro branco português, amigo dos índios Pitiguaras, habitantes do litoral. Adotou o nome indígena de Coatibo.
- Iracema, a fascinante e encantadora virgem dos lábios de mel, é filha do pajé Araquém, da tribo dos Tabajaras, habitantes do interior.
- Irapuã é o chefe dos Tabajaras, apaixonado por Iracema.
- Caubi é um índio Tabajara, irmão de Iracema.
- Jacaúna é o chefe da tribo dos Pitiguaras.
- Poti é um índio herói Pitiguara, irmão de Jacaúna e muito amigo de Martim, de quem se considerava irmão.
 
José Maria de Medeiros – Iracema, 1884.Óleo sobre tela, 167,5 x 250,2 cm.Rio de Janeiro, Museu Nacional de Belas Artes.
José Maria de Medeiros – Iracema, 1884.  
Óleo sobre tela, 167,5 x 250,2 cm. 
Rio de Janeiro, Museu Nacional de Belas Artes.

 
Martim, durante uma caçada, se afastou dos companheiros Pitiguaras e ficou perdido na mata, que pertencia aos Tabajaras, inimigos dos Pitiguaras. Foi encontrado por Iracema, que a principio, amendrotada e assustada, o atacou com uma flecha no rosto, mas como não houve reação de Martim, ela se arrependeu e o acolheu, levando-o para sua tribo, onde foi recebido como hóspede e amigo na cabana de Araquém.

Naquela noite, Martim descobriu que estava havendo uma celebração em que os Tabajaras homenageavam seu grande chefe Irapuã, que os iria comandar numa guerra exatamente contra os Pitiguaras, amigos de Martim.
Martim resolveu fugir, aproveitando-se da escuridão, mas foi impedido por Iracema que o havia seguido e pediu-lhe que aguardasse seu irmão Caubi, que no dia seguinte poderia guiá-lo pela mata.

O guerreiro branco retorna junto com Iracema e começa a surgir um afeto entre os dois, que logo se transforma em paixão.
Num passeio, na manhã seguinte, Iracema deu a Martim uma poção, que o fez dormir e sonhar com ela. Ele, inconsciente, balbuciou o nome dela e a abraçou. Ela aceitou o abraço e os dois se beijaram.

Mas, quando Iracema ia se afastando, surge Irapuã que, declarando seu amor por ela, ameaça matar Martim. Iracema reage e Irapuã se afasta, ainda mais apaixonado e revoltado.
Na manhã seguinte, Martim se declara a Iracema, mas a índia lhe informa que por ser filha do pajé, é guardiã do segredo da jurema (bebida sagrada) e deveria permanecer solteira e virgem.

Martim resolveu, então, ir embora, seguindo Caubi. É cercado por Irapuã, à frente de cem guerreiros tabajaras. Nesse momento é ouvido o grito de guerra dos Pitiguaras que vieram enfrentar os tabajaras.
Poti vem para resgatar seu amigo. Iracema, para evitar conflitos entre as tribos, combina com Poti que Martim irá com ele, às escondidas, na mudança da lua.

Numa noite, na cabana, quando Araquém estava ausente, a união dos dois se consumou. Inebriado com o vinho que havia tomado para apressar o sono, Martim dormiu e sonhou que estava possuindo Iracema. Mas não era sonho, ela de fato se entregou a ele.
Assim, quando Martim decide ir ao encontro de Poti para escapar de vez de Irapuã e dos tabajaras, Iracema lhe conta a verdade, o segue e vai viver com ele na tribo de Poti.

Após algum tempo Martim se mostra desinteressado pela esposa, fica ausente, com saudades da terra natal. Iracema definha de tristeza, sofrendo com a ausência do marido, mas engravida de um filho de Martim.

Antonio Parreiras - Iracema,1909.  Óleo sobre tela, 61 x 92 cm.  São Paulo, Museu de Arte (MASP
Antonio Parreiras - Iracema,1909. 
Óleo sobre tela, 61 x 92 cm. 
São Paulo, Museu de Arte (MASP)

Nasce Moacir, “o filho do sofrimento”. Iracema extremamente debilitada morre após entregar o filho ao pai e pedir-lhe que a enterrasse aos pés de certo coqueiro. Esse lugar passou a se chamar Ceará, que segundo a tradição significa “canto da jandaia” (ave de estimação de Iracema).

Triste pela perda de Iracema, Martim retorna a Portugal com o filho, mas quatro anos depois volta ao Brasil, ajuda a implantar a fé cristã e converte Poti que vem a se chamar Felipe Camarão.
Ambos ajudam o comandante Jerônimo de Albuquerque a derrotar os holandeses.
Frequentemente, Martim visitava o “canto da jandaia” onde estava enterrada Iracema, “para cismar e acalentar no peito a agra saudade”.

Conclusão


A desorientação inicial de Martim, jovem fidalgo português que se perdera nas matas; o surpreendente encontro com a jovem índia; a hospitalidade do selvagem brasileiro; o ciúme do guerreiro e rival; o amor entre os representantes das duas raças; a beleza estonteante da morena virgem; a nostalgia de Martim por sua terra natal; suas viagens; a tristeza de Iracema, grávida, com a mudança inesperada de seu amado; o nascimento de Moacir, filho da dor, simbolicamente o primeiro cearense, o primeiro brasileiro e o primeiro homem americano; a morte de Iracema; o retorno de Martim e a conversão de Poti.
Eis aí, praticamente, a síntese da fábula do livro.
Bibliografia: ALENCAR, José Martiniano de – Iracema - 27ª ed. São Paulo: Ática, 1994. (Série Bom Livro).

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3 comentários:

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