AD Sense assíncrono

A história do licor e sua alquimia misteriosa.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011


Três cálices com licores coloridos
by Telma M.
Mas, afinal, o que é licor? O que os diferentes tipos de licores têm em comum? Porque se diz que licores são digestivos? Qual é o jeito certo de servir os licores? Qual o tipo certo de copo? Licores são servidos antes ou após as refeições? É melhor saboreá-los gelados ou à temperatura ambiente?
Um dos itens que todos os licores têm em comum é o alto teor de açúcar. São bebidas alcoólicas muito doces, feitas a partir de uma infusão de fragrâncias em cachaça ou álcool bastante concentrado.

Podem-se fazer licores de uma infinidade de plantas, sementes, frutos e flores.
Manga, jabuticaba, jenipapo, maracujá, uva, goiaba, laranja, kiwi, tangerina, coco, e sabe-se lá o que a imaginação vai inventar.
Quem quiser aprender a fazer um delicioso licor caseiro de amoras, pode ver a receita que coloquei no meu outro blog.

Um pouco de história

Durante a Idade Média os licores começaram a ser produzidos com a promessa de que tinham qualidades medicinais, vem daí o costume de se tomar licores após as refeições para ajudar a digestão.

As experiências científicas primitivas estavam mais preocupadas em descobrir um solvente capaz de transformar metais em ouro (a famosa “Alquimia”) do que encontrar uma bebida alcoólica de sabor agradável.

No entanto em 1250 um catalão chamado Arnold de Vila Nova descobriu uma forma de extrair os princípios aromáticos das plantas usando o álcool. Juntou açúcar a esses princípios aromáticos e fez surgirem os licores.

Esse cientista, em um tratado sobre o álcool, propôs adicionar ouro aos licores. Só não teve maiores problemas com a Santa Inquisição porque uma de suas poções acabou levando o crédito de ter curado o papa de uma doença.

Monges dos mosteiros europeus dos séculos IV, V e VI eram os maiores fabricantes de licores e elixires curativos, porém suas receitas eram secretas.

O nobre licor “Bénédictine” veio de um desses mosteiros (abadia de Fécamp), localizado na costa da Normandia, surgindo pelas mãos do monge Don Bernardo Vincelli, da Ordem dos Beneditinos, um estudioso das ervas.

Por volta de 1510, ele misturou 27 especiarias, entre elas o Cravo, a Canela, a Melissa, o açafrão, o hissopo e a Angélica. Ele buscava descobrir o elixir da longa vida (a panacéia), mas acabou obtendo o mítico licor âmbar de sabor apreciadíssimo por nobres e monarcas.
Abadia de Fécamp na costa da Normandia, França

Pensava-se que a fórmula havia se perdido em contínuas invasões e guerras, mas em 1863 foi recuperada por um negociante de vinhos, Prosper Hubert, natural de Fécamp, que se autodenominava Alexandre, o Grande. Ele encontrou a receita em um livro de poções e magia que estava na biblioteca de sua família e levou um ano para decifrá-la. Foi esse negociante que deu o nome “Bénédictine” ao nobre licor; isso em homenagem aos monges.

No rótulo do “Bénédictine” há a inscrição D.O.M, (Deo, Optimo, Maximo), divisa da ordem Beneditina que significa: Deus, o melhor, o máximo.

Abaixo, podemos ver o famoso licor em sua garrafa tradicional e também em sua garrafa preta comemorativa de seus 500 anos de criação.
Garrafa tradicional do licor Benedictine e também a garrafa preta da edição de comemoração dos 500 anos da criação do licor

A partir do século XV os segredos de alquimistas e monges, envolvendo os licores, perderam sua força.
Catarina de Médicis introduziu os licores na França, mas eles só ganharam fama no reinado do Rei Sol, Luiz XIV, que adorava licores.
Como a nobreza imitava seus monarcas, os licores viraram moda na Europa.
A França preferia licores de sabor agradável, os digestivos, enquanto a Alemanha e Holanda preferiam licores amargos, os restauradores.

Definição

Licor é uma palavra derivada do latim liquefacere, que significa derreter ou dissolver. Dissolver substâncias, dissolver o aroma de plantas em álcool e transformá-las em uma bebida doce e agradável.

A definição de licor é: “uma bebida alcoólica, adocicada e aromatizada por substâncias vegetais, que podem ser sementes, raízes, frutas, flores e extratos.

Não são bebidas envelhecidas por longo tempo, mas precisam de um período para “extrair” o aroma da planta. É o “descanso”, que pode variar de horas até meses e que dá o sabor característico ao licor.

Como saborear

Manda a etiqueta que os licores sejam servidos em cálices pequenos, de preferência em cristal transparente, para que a cor possa ser apreciada. Isso porque, em geral, os licores exibem cores exuberantes.

No verão pode ser colocada uma pedra de gelo no cálice ou manter o licor na geladeira, mas isso poderia quebrar um pouco a impressão de doçura, que é uma característica da bebida. Por isso, o tradicional é que os licores sejam servidos à temperatura ambiente. Além do mais, temperaturas extremas podem amenizar o sabor de licores fortes e prejudicar o sabor dos mais delicados.

O licor deve ser bebido devagar, saboreando-se a complexidade sutil dos aromas dissolvidos na bebida, relaxando-se o corpo e a mente. “Não se bebe em tragos, é sacrilégio! Deve ser saboreado entre a língua e o céu da boca.”, diz o Dicas Stock nº 18.

Guardar a garrafa em posição vertical para evitar possíveis vazamentos. Muita atenção com restinhos de licor no fundo dos vasilhames por longos períodos. Pode ocorrer deterioração, apesar da alta concentração de açúcar.

A hora certa de servir um pequeno cálice do melhor licor é após o jantar, ou seja, sempre à noite. Não se esqueça de servir alguns docinhos, tortas ou bombons para acompanhar a bebida.
Bibliografia: 1 - Dicas Stock – Centro Informativo Stock de Bebidas – nº 6 – Nov/1981
                  2 - Dicas Stock – Centro Informativo Stock de Bebidas – nº 18 – Nov/1982

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7 comentários:

  1. Telma,

    Não conhecia sobre estas interessantes informações. Eu não gosto de bebidas alcoolicas, mas já provei alguns licores realmente deliciosos, sendo benedictine muito saboroso.

    beijos

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  2. Olá Sissym, pois é, eu sou péssima bebedora de qualquer bebida alcoólica, o que pode ser uma benção, pois assim eu não corro riscos de exagerar, mas os licores são deliciosos e sempre me arrisco a tomar um pequeno cálice. Bjs

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  3. Oi Telma,
    Apesar de não gostar de licores, gostei muito de saber da história e seus detalhes.
    Você, como sempre, publica maravilhas que nos ensinam algo que nem atentamos.
    Valeu.
    Um abração.

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  4. Talvez seja a única coisa que eu sei fazer muito bem e até já inventei um que toda a gente diz ser delicioso e diferente dos outros.
    Já fiz de laranja, tangerina, pêssego, figo, ameixa vermelha, cereja, maracujá, leite e coco. São todos deliciosos e o que eu inventei é de coco mas tem mais uns ingredientes kkkk
    De amora nunca fiz, mas já fui buscar sua receita,querida Telma, pois amora é o meu fruto preferido, mas gosto mais da amora das silvas do que da de amoreira.
    Parabéns e muito obrigada pela receita e pelas interessantes informações.
    Só tem uma coisa, aqui bebemos também depois do almoço, não apenas à noite. Não percebo porquê essa limitação kkkk
    Beijinhos no coração
    Moçoila

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  5. Olá muito bom saber mais sobre os licores.só temos que ter cuidado,é só um càlice.porque tem muitos bons licores.

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  6. BACANCA SUA DICA... GOSTEI MUITO

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  7. ola gostei das informações sobre licores, quem passa parafrente o que sabe garante a sobrevivência daespecie.

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